Ozzy Osbourne: Leia trechos da biografia


Leia trechos da autobiografia "Eu Sou Ozzy" que sai agora pela editora Benvirá.

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Você tem uma perspectiva diferente em relação à carne depois de trabalhar num abatedouro por algum tempo. Lembro de ter ido a um acampamento e estava fazendo um churrasco. Algumas vacas da fazenda ao lado vieram até ali perto, cheirando, como se soubessem que algo estava errado. Comecei a me sentir estranho. "Tenho certeza de que não era nenhuma vaca que vocês conheciam", falei, mas elas não foram embora. Arruinaram a porra do meu churrasco. Não parece certo comer carne quando se está na companhia de uma vaca.
(Ainda adolescente, quando trabalhava num açougue)

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Fui a uma degustação de vinhos, em Birmingham. Era um mercado de comida ou algo assim, na época do Natal. Pensei: Puta merda, uma degustação de vinhos, isso parece algo que um adulto civilizado faria. Na manhã seguinte, Thelma me perguntou: "O que você comprou?". Eu respondi: "Oh, nada". E ela continuou: "Mesmo? Deve ter comprado algo". E eu disse: "Ah, bem, sim --acho que comprei algumas caixas".
Acontece que eu havia comprado 144 caixas.
Fiquei tão bêbado que achava que estava comprando 144 garrafas.
Aí um caminhão de entregas do tamanho do petroleiro Exxon Valdez parou em frente a Bulrush Cottage e começaram a descarregar caixas de vinho suficientes para encher a casa até o teto. Demorou meses para que eu e os roadies terminássemos com aquilo.
(Nos anos 70, ainda casado com Thelma)

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Eu me apaixonei loucamente por Sharon. O que acontece é que, antes de conhecê-la, nunca tinha encontrado uma garota que fosse como eu. Quero dizer, quando saíamos as pessoas achavam que éramos irmãos, de tão parecidos. Onde fôssemos, sempre éramos os que estavam mais bêbados e os que falavam mais alto.
(Declarando seu amor por Sharon)

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Eu me levantei, andei pela sala, sentei-me no braço da cadeira da garota de RP e tirei uma pomba do meu bolso.
-- Ah, que linda --ela falou, dando outro sorriso falso. E olhou de novo para seu relógio.
É isso, pensei. Abri minha boca o máximo possível.
Do outro lado da sala, vi Sharon estremecer.
Aí comecei: chomp, spit.
A cabeça da pomba caiu no colo da garota, salpicando sangue. Para ser honesto com vocês, eu estava tão bêbado que tinha gosto de Cointreau. Bom, Cointreau e penas. E um pouco de bico. Aí joguei a carcaça na mesa e olhei enquanto se mexia.
(Arrancando a cabeça de uma pomba numa reunião da gravadora)

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A coisa mais engraçada do Mötley Crüe era que eles se vestiam como garotas, mas viviam como animais. Foi um aprendizado, até para mim. Aonde iam, carregavam uma mala gigante cheia de todo tipo de bebida imaginável. Assim que terminava o show, abriam a mala e as portas do inferno.
Toda noite, garrafas voavam, facas eram mostradas, cadeiras estraçalhadas, narizes quebrados, propriedades destruídas. Era como se o hospício e o pandemônio se juntassem, multiplicados pelo caos.
(Nos anos 80, em turnê com o Mötley Crüe)

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O show era no Rock in Rio, um festival de dez dias com Queen, Rod Stewart, AC/DC e Yes. Um milhão e meio de pessoas compraram ingressos. Mas eu fiquei desapontado com o lugar. Tinha esperado ver a Garota de Ipanema em cada esquina, mas não vi nenhuma. Havia só um monte de crianças pobres correndo pelo lugar como ratos. As pessoas eram ou absurdamente ricas ou viviam nas ruas --parecia não haver nada no meio.
(Em janeiro de 1985, no Rock in Rio)

Fonte: Folha

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